O Poema

Dia desses...

na pausa de todo o caos

e do meu viver concreto

li teu poema predileto.

No silêncio em revés

lembrei-me de teus pés

sob tua saia rodada...

E diante do nada

cerrei meu olhar.

Renúncia...

vício maldito!

Tornei mudo o meu grito

e no dito pelo não dito

sigo acorrentado...

Pelo pranto abafado...

e pela tua risada

até hoje calada...

Onde andas menina?

Diante dessa sina

do silêncio vil,

meu olhar quase senil

se refugia... absorto...

E ante ao poema morto

construo outras linhas...

que não são mais tuas

mas tampouco são minhas...

(Do livro "Murmurando Ventos" de Anderson Julio Lobone - 2007)