O outro sou Eu

Eu preciso do outro

Sem ele, quem sou,

senão apenas um borrão.

Sem o outro

sou uma folha em branco

sou uma pálida folha

que nada será senão somente folha.

Minha existência não depende de mim.

Nada em mim existe, nada é algo

O nada em mim existe somente em palavra.

Ora, direis meus amigos:

Não sejas tráfico, não sejas grego.

E, então, apenas o silêncio me mostra

O silêncio...

Essa simples palavras de mim diz tudo.

Eu sou o silêncio.

Existo na ausência do som

Existo somente porque alguém diz quem sou.

Eu preciso do outro

Sem ele, quem sou,

senão apenas um borrão.