CANTO LOUCO DE RAUL
Meus versos parecem rúculas
O poeta escuta
É tão de ferro o berro o urro
Surdo ensurdecer da cidade
Navalha falha a palavra
Meia dúzia de esqueletos
Lêem a manchete do jornal
Afinal, para que serve a rima?
Brilhjo no olho é sinal de delírio?
O poeta na praça marcha sem esperar
O acorde final
Quem há que acorde
O grito ecoa mas não é nada
É só mais um gemido
Mais um gato que mia enquanto enfia
Metal que faz do rato
Mero artefato
É fato que um dia
Nem antes nem depois
Essa cidade vai arder
Enquanto dançarinos loucos entoarão
O canto encantado de Raul:
- O dia em que a terra parou