AVESSOS

AVESSOS

Atitudes do avesso

Avessos a beleza

Testemunho diuturnamente

Nessa vida de meu deus

Aos poucos vai-se dando adeus

As razões do existir

Se é que algum dia existiram

Atiramo-nos aos tiros

As balas de fel

A estragar o mel

Da doce vida

E não há mais guarida

Em qualquer dos pontos cardeais

Em portos do além mar

Em terras esferais

Que possam amenizar

Feridas profundas

Que parecem jamais cicatrizar

E purgam o pus

Coberto pelo capuz

Do terror a céu aberto

Que nos faz não libertos

Da cupidez

Da estupidez

Da desfaçatez

Que invade as entranhas

Mais mas muito mais

Do que na superficialidade da tez

E traz vontades estranhas

Ignomínia

Sem fronteiras

Em quaisquer instâncias

Numa apavorante constância

Que nos faz duvidar

Do que é ser humano

Será que é ser algoz

Violentamente atroz

Repleto de desamor

Olvidando o amor

Ouvir o rufar do tambor

Anunciando a execução

E gozar em sangue

Corpos exangues

Débeis em estupor

Ou convulsionados

Estirados sem sentidos

Entregues a bandidos

Que não estão a cruz ao lado

Mas espalhados

Aos quatro cantos

Sem encantos

A não ser

O deixar de ser

E fazer sofrer

Com regozijo

E deixar rijos

Corações abatidos

Enfim

Oremos para o não fim

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/10/2015
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