CARRANCAS
Estão prontos para o desfile de horrores?
Para os encontros com as aberrações da natureza?
Esqueçam a beleza, a sutileza das formas
As normas da estética foram esquecidas
No nascimento dessas deformidades
A vaidade é uma característica obsoleta
Que acompanha a felicidade para a valeta
Onde pus e vômito escorrem das feridas
Da sociedade que exala o odor putrefato
Do preconceito e da discriminação
Há algo para ser considerado
Além do que é amado só por interesse?
Esse genocídio do diferente
Da percepção distorcida do ambiente
Aonde tudo se iguala por baixo
Aonde me encaixo nessa hipocrisia?
A verdade está em ser conveniente?
Em ser sempre sorridente
Prudente em sua falsidade?
A deformidade está no caráter
Nas dissimulações dos bem sucedidos
Nos vendidos, na arte do engano
Sob os panos há cumplicidade
Com um sistema corrupto e adverso
Que na frente é a promessa
E no verso o presente do escravo.