Manhã acinzentada

Nem todos os dias

É possível abrir os olhos

E mergulhar no tal

Do Era uma vez...

Chega um momento

Em que a realidade alça voo

E despenca sobre qualquer coração.

Ela se instaura de forma violenta,

Pisa nos sonhos mais singelos

Que com tanto amor e esperança

Foram construídos...

Arranca-nos dos braços da espera,

Da santa ilusão

De um dia ser feliz.

Chega de repente e transforma

Reticências num ponto final,

Que acaba por ser

Um ponto de partida.

Partida, despedida, saída...

São tantas idas

Que ao passar do tempo,

Os rastros desaparecem do caminho...

Ah! Se o “Era uma vez”

Fosse só uma vez mesmo,

Sinto que estaria protegida

Da insanidade de sonhar

E queimar no inferno da frustração.

Nossos sonhos muitas vezes

Instigam, castigam...

Tornam-nos fracos,

Fortes ou acinzentados...

Marionetes presas num redemoinho,

Encarceradas nas próprias aflições...

Somos seres solitários,

Repletos de tudo

E cheios de nada.

LPN
Enviado por LPN em 24/10/2015
Código do texto: T5425156
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