Habitual
Tudo começa no redemoinho de pessoas,
Palavras e embriagues, declarações de carinho,
Fatos distorcidos, informações desnecessárias
E algumas de imensa necessidade
Caso alguém fosse realmente por em prática.
Numa confusão imensa a cabeça deita-se na cama
E o sonho raramente dá chaves de entendimento
Sobre o que é mesmo que queremos.
Dormir parece mais um mundo louco
Onde se realiza um desejo ou outro
Mas também se sofre bastante.
Acordamos bambos e retardados
Esquecendo-nos do dia anterior
E isso dá energia para despertar novamente.
Cinco da tarde é uma hora difícil
É a hora que se junta a ideia
Do dia inútil anterior com o dia inútil do agora
E se vê que a semana foi perdida
Aí vem o crepúsculo pra dizer
Que até o sol some uma hora
Ele também precisa de um pouco de solidão
E sai de cena de uma forma magnífica
Para o teatro do dia seguinte.
Espero que a velhice não nos torne ranzinzas
Mais do que dinheiro as pessoas juntam manias
Sejamos um pouco desorganizados internamente
Para talvez, sabermos menos dos defeitos dos outros
Sabermos menos dos defeitos nossos
É bom esquecer um pouco, esquecer faz criar
Afinal, não teria nada de novo se a gente não esquecesse.
Vamos falar a verdade
Muda-se pouco depois que se nasce
E a Terra enquanto humanidade também muda muito pouco
E quando pensamos em guerras por nada
E de certa casta se sentir melhor ou mais grandiosa
Do que o resto do planeta, ou de um país
E começar a agir arbitrariamente
Sobre o que as pessoas são na individualidade
Sobre pequenas diferenças
É melhor lembrarmos
Que isso é o caminho das mortes sem motivo.
Depois tomamos consciência de que estávamos errados
E ressurgirmos novamente no meio de excrementos.
Os antagônicos devem suportar-se
Nenhum lado é ou foi absolutamente
Na história da humanidade
Mais forte do que o outro.
Que suportarmo-nos
Seja a bandeira no mastro a balançar.