DISCÓBULO (INCENSO)

Para Cora Coralina

Anda a correr louças

Que como o mato abraça a terra

Todas as revoluções já foram postas.

Depois é claro

que fomos obrigados a escrever dissertado,

com enredo entremeado a dois parágrafos:

deste apartir muitos rebeldes foram decapitados.

Os afrescos dos muros exigem nova épica.

O povo clama, sem saber, moderna lírica.

" Chega de monocultura"

Queremos uma literatura" de combate.

Anda também a correr louças

que as cinzas de um homem

Serão encontradas se queimarmos

Os esqueletos das letras por ele descritas.

- Cremar um livro é funeral. Explico.

"Ante o batismo somos presas tenras demais;

Antes da unção temos sido ternos demais."

Levanta poeta e fala:

"Queremos um grito-que-gera."

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 22/10/2015
Código do texto: T5423560
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