PROFESSORINHA
A pequena figura de mulher,
sufocando no peito
uma frustração qualquer,
tímida, sem jeito,
esconde sua angústia, seus dissabores,
porque agora, chegou a hora,
a esperá-la seus novos "amores",
em pé, lá na frente,
perante olhares penetrantes
de olhinhos brilhantes,
surge em cena a atriz,
mais uma sessão esperada,
vespertina ou matutina,
o teatro vai começar
com fala nem sempre decorada,
não há tempo para estudar,
Atenção! B com A, BA
B com E, BE
e as vozinhas em uníssono repetem
BA, BE, BI, BO BU
e o engraçadinho lá do fundo, emenda:
___ Foi-se a andorinha e ficou o urubu!
___ Felipe, Tiago! chega de conversa!
Assim o enredo vai se desenrolando,
feito novelo
tratado com dedicação e zelo;
___ Menino, preste atenção!
___ Sora! posso ir ao banheiro?
___ Vá, mas lá e cá!
E bolinhas de papel cruzam os ares,
quem foi? quem foi?
___ Foi o João, eu não fui não!
e João: Eu!!! eu não!
o culpado nunca aparece;
Trriiimmmm, toca o sinal,
explosão geral,
o burburinho cresce,
gritinhos, correria,
é hora do lanche, afinal;
___ Você fica Dona Paula,
não terminou a lição.
___ Soraaa ...
___ Tá, tá! pode ir!
Ufa! terminou mais uma aula,
e lá vai a Professorinha
cansada, esbaforida,
missão quase cumprida,
nesta nobre, mas irreconhecida
arte de ensinar e educar.
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