PROFESSORINHA

A pequena figura de mulher,

sufocando no peito

uma frustração qualquer,

tímida, sem jeito,

esconde sua angústia, seus dissabores,

porque agora, chegou a hora,

a esperá-la seus novos "amores",

em pé, lá na frente,

perante olhares penetrantes

de olhinhos brilhantes,

surge em cena a atriz,

mais uma sessão esperada,

vespertina ou matutina,

o teatro vai começar

com fala nem sempre decorada,

não há tempo para estudar,

Atenção! B com A, BA

B com E, BE

e as vozinhas em uníssono repetem

BA, BE, BI, BO BU

e o engraçadinho lá do fundo, emenda:

___ Foi-se a andorinha e ficou o urubu!

___ Felipe, Tiago! chega de conversa!

Assim o enredo vai se desenrolando,

feito novelo

tratado com dedicação e zelo;

___ Menino, preste atenção!

___ Sora! posso ir ao banheiro?

___ Vá, mas lá e cá!

E bolinhas de papel cruzam os ares,

quem foi? quem foi?

___ Foi o João, eu não fui não!

e João: Eu!!! eu não!

o culpado nunca aparece;

Trriiimmmm, toca o sinal,

explosão geral,

o burburinho cresce,

gritinhos, correria,

é hora do lanche, afinal;

___ Você fica Dona Paula,

não terminou a lição.

___ Soraaa ...

___ Tá, tá! pode ir!

Ufa! terminou mais uma aula,

e lá vai a Professorinha

cansada, esbaforida,

missão quase cumprida,

nesta nobre, mas irreconhecida

arte de ensinar e educar.

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Rio de Janeiro/Brasil

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 27/09/2005
Reeditado em 17/05/2020
Código do texto: T54231
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