Poemas da tarde
P O E M A S D A T A R D E
A algumas ilusões perdidas nesta obra poética!
A maior é a solidão de mim mesmo...
Alguém na ventania.
POEMAS DA TARDE I
Um frêmito fraternal de solidão acolhe meus paços...
Grita o barulho das folhas.
Tremem meus cílios!
No alarido minucioso, mal detalhado e efêmero da tarde.
Um trovão atolou-se nos montes
Badalam os sinos ouvem-se capelas de noiva
E o verão se transforma.
Esquenta por debaixo das palhoças...
Vou por debaixo das árvores sombrosas
Repouso a sombra da lapinha!
Mormaço
Parece que vai chover.
POEMAS DA TARDE II
Rosa das fendas
Tarde do homem
E o perfume do homem
Ficam riscos pelos horizontes meio mal traçados
Apagados lívidos tão lívidos em tons de azuis pálidos
Meus olhos distantes fincam as serras e sua presença quase apagada de azul.
Como um quadro do sem fim!
A tarde vai descendo com o calor do sol...
Sombras embaixo das árvores.
Telhado de folhas!
Folhas que trabalham de ser sombra
Grunhidos de vento decifrando os rumos
Não sei refrear o tempo!
A flor em perfume estendida
Nas migalhas de todos os silêncios
Dividida!
Um poço fundo, mais claro onde não se pondera.
Rosas languindo à tarde
Fogo sobre as águas.
Eram silêncios de fim tarde!
No encontro do céu com o mar.
P O E M A D A T A R D E III
Linda e pobre terra a nossa
Borboletas viageiras de partidas e chegadas
Espinheiros imóveis nas pedras brancas dos serrotes
Na tarde silenciosa interrompida
Frêmitos do meio dia
Horizontes deste sertão
A torre de petróleo
Morenos ventos ardentes da tarde imensa.
De mim sangram essas paisagens ensanguentadas
Vago tremor do sol que se deita
E cintilam clarões como prata nova
Nas árvores se encolhe o crepúsculo
Despontam raios entre garranchos
Sua ultima luz ecoa dos lentos campanários
Fulgem entre as sombras
Tão dolentes que solução
O olor das rosas
Suave incensário levou o silencio resseco do verão
Flores queimadas de sol sobre as areias
Intangíveis impressões que o tempo atenua
Mais que não se apagam jamais.
P O E M A D A T A R D E IV
O filtro da tarde surge
Como uma película esvoaçante
Acinzentada e solitária
Esquecida pela distração
Excessiva imaginaria
De quem para
Para comtemplar!
Com os olhos molhados de incertezas.
P O E N T E II
Num horizonte vazio delatado
Refulgente o poente no alento das espumas
Vejo quedar num momento o vermelho sobre as vagas.
Desfibradas na latência deslembrada
Abraçando falésias com salsugens
Ouço a cantilena quase silenciosa da outra margem, com distantes ladridos a soar!
Deste panorama vê-se a fímbria
Dos amarantos vermelhos a medrar!
A B A N D O N O
Os ventos cantam nas fragas da serra
Incólumes entre intermináveis ermos solitários...
O vento rasgado nos perfumes...
Em todo seu aroma vário.
Ignoto passa por nós!
Carregado de aromas da tarde!
Solilóquio assovia nas frestas da porta.
Aqui este vento repetitivo e sua poeira acompanhante...
Que reintegra e se desintegra na mesma estrada
Com uma casa abandonada.
Na casa a voz do vento saturada...
No telhado...
Abandonado!
E para secundar aqui o longo mirar dos ermos estiados...
Que não acompanho de tão fatigado!
Vai adiante de mim o vento refugando...
Cruzando as distancias do cansaço.
Distancias que não ouso alcançar a não ser ao olhar ao longe!...
A lívida linha azul que compõe o horizonte.
É difícil descrever o reverberar dessas cores no céu!
Enquanto o mundo vai se virando em sua imensidade.
Matizes quentes se pintam em nuvens do entardecer
Gris das noites sobrepujando os últimos brilhos.
Ondas de calor sobem do solo escaldante
Pequenos pastos pardos e outros tantos amarelados
Milharais!
A luz do sol vermelha a fulgurar
Dilatando-se por detrás
Talvez com peso dessa imagem estacionada
Essa casa onde se escondem seus fantasmas.
Na grave levitação de tudo...
Finjo não saber dos dias que seguem já sem mim.
Olho para longe persigo o vento nos perfumes que se vão.
Olhar anoitecendo
E as paredes caladas fechadas...
Fingindo suportar a solidão!