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ESTRUGE
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Quem sabe,
nesse ofício da escrita,
nesse passo cordeiro, pegajoso à dureza do asfalto.
Quem sabe,
nesse ofício silencioso que eu trago em minhas veias
- letargo, corte, desejo de ser qualquer coisa -
Quem sabe...
Com a força que ainda me resta,
com os olhos de ontem,
na dispersão das minhas células,
eu caiba dentro da lágrima órfã.
Quem sabe o futuro pouse em minhas horas
e eu me curve feito gárgula tendo em suas bases o concreto frio
à beira do amarelecimento.