Um brinde para a deusa vaidosa
em seu apetite insaciável!
Com tal jeito,
roça à pele da criatura,
no porvir da putrefata matéria.
Pinta-a de carne,
borda-lhe o peso da pele e,
já nos confins dos ossos,
prossegue com o pérfido lugar
para os vermes.
Fere-se a carne em dilúvio branco de espumas...
_ Que goze um tempo finito de horas! - proclama a vida!
Endireita alguns órgãos à pátria
de mutilações,
moe e planta,
rasga e costura,
quebra e conserta...
_ Que tudo arda no seu ser pela dissonância com que soa enquanto trabalho! - a vida um tanto irritada com o barulho dos ossos.
Quanto mais se montava, mais disforme o corpo ficava...
A vida, com bolhas nos dedos, chamou a morte.
Prosseguiram, prostradas na desnaturação do corpo, na marcha confusa onde se apresentavam contrárias.
_ Às ramas de músculos! - gritava a morte.
_ Estas? - respondeu a vida sem ânimo.
_ Nem muito e nem pouco!
_ Ora, morte! Decida-se!
_ Apenas levemente.
Um estrondo...
_ Débil! - esbraveja a morte. Misturava-se nos olhos o horror com a impaciência.
_ Tanto trabalho para um fim tão miserável! - lamenta-se a vida.
_ Feito! Que goze da mesma fadiga que nos causou!
O corpo, tremia ferido. Curando-se ainda.
_ Mais vinte passos! Feito um potro recém saído do ventre! - a morte sentada no jardim com mais de dois mil cadáveres, enxugava o suor da sua face ausente.
_ Atira-lhe mais um tanto de ossos! - a vida analisando o trabalho.
A morte, mordeu raivosa a boca.
_ Ouve-se? - questionou - Quem lhe ofertara as mãos ainda sem bolhas?
_ Você...
_ Então, vida, mais um tanto de ossos? Ora! Que pensa que está criando, uma rocha dura?
_ E farás com tuas mãos a próxima etapa!
_ Sozinha? - a morte buscando mais um tanto de terra com a pá. - Não recebeu o sagrado ensino? Não cavo sem a tua ajuda a sepultura não!
E mal havia sido extinto do ventre, já estava o corpo sendo emparentado com a cova.
(caminhando em meu blog, repostando aqui algumas poesias lá escritas...)
(caminhando em meu blog, repostando aqui algumas poesias lá escritas...)