A MENINA DA RETINA

A imagerm que tinha de ti

Era da menina congelada

Como estátua,

Perante minha retina.

Tu cresceste... e eu...

Enviava o mensageiro vento para saber

Como estaria tua nova fase,

Teu olhar, tua face!

Mas o vento sempre estava em calmaria,

Era vento soprando fraco, como brisa.

Ele nunca voltava para me acalmar!

Zombando, dançando pelo ar ao longe:

O mensageiro repetia... Repetia com seu zumbido:

"Deixes prá lá ! É adolecente!

Não vês que até a lua e o mar

Teem fases?"

Vários ventos passavam por mim.

Nenhum tentou me ajudar.

Eram como aragens

Fingindo nada ver

Para não se comprometer!

Meus sonhos queriam ver

A tão sonhada transformação

O filme gravado em minha mente

Era apenas da menina.

A câmera do meu olhar

Já não a alcançava.

O desprezo chegava

Em forma de tortura da ausência

Nem nas férias eu a via!

Fui para a igreja clamar

Busquei até a última esperança

Que agonizante deixei morrer

Ah... Menina moça!

Sei que não tentas se arrepender!

Mas se esse milagre acontecer...

A dor se congelou em mim.

Cada minuto dos anos distantes

São trincas de cristais

Que não se colam jamais.

Vários ventos passavam por mim.

Nenhum tentou me ajudar.

Eram como aragens

Fingindo nada ver

Para não se comprometer!

Dalva Saudo.