Poema de Gratidão


Agradeço a Deus, por minha visão que permeia
Pelas belezas que criou para que me enleve,
Da simplicidade da flor ao brilho das estrelas,
Das ondas dolentes, em noites de lua cheia,
A mirar seu corpo nu, sentindo-a desvanecer, leve,
Como se miragem distante por não mais tê-la.

Agradeço a Deus, por ter-me concedido o olfato,
Que mantém preservado o olor de seus cabelos
No pós o banho, deste suave absinto que emana
De seu corpo lindo, mesmo após, quando constato
Que restou de seu lanho, quando findos os duetos
Em que nos embrenhamos durante toda semana.

Agradeço a Deus, por propiciar-me o paladar,
Que me permitiu sentir seu inebriante sabor,
Sorvido, absorto, em seus dedos, língua e lábios,
Durante estes céleres momentos de lhe amar,
Em cada recanto de seu corpo, pleno de amor,
Comprovando que sobreviverá em alfarrábios.

Agradeço a Deus, por conceder-me o tato,
Ao divagar por suas costas, com a ponta do dedo,
Tocando-a suave e despertando tantas emoções,
Compartidas, ao me tomar em suas mãos, de fato,
Conduzindo-me para sua boca, ansiado degredo,
Onde me aguardava, louca, infensa a senões.

Agradeço a Deus, por ter-me dado a audição,
Que me permitiu ouvir seus plangentes gemidos,
Nos instantes em que nos repletávamos de amor,
A uivarmos como se lobos no cio, em plena ação,
Amantes desprovidos de segredos e sentidos,
Empenhados em satisfazer o infindo mútuo clamor.

Agradeço a Deus, acima de qualquer coisa, de tudo,
Por ter-me propiciado esta tão feliz capacidade,
Ao fazer-me assim como sou, um exigente esteta,
Que se enleva com coisas tão simples e, contudo,
Em cada uma delas encontra a suprema felicidade,
De a cantar em versos, por ter-me feito um poeta.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 17/10/2015
Reeditado em 17/10/2015
Código do texto: T5417891
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