Sicut homines
Com o farfalhar das folhas, castanhas, douradas
as árvores se despem, morosas, cansadas
na dança do vento que lhes mexe os galhos
nas gélidas noites em valsa com orvalhos.
Porventura permanecerão desnudas? Não,
porquanto a neve não tarda a cobrir o chão
e não só ele, mas também as reveste
com veste branca, matrimonial veste.
E de que serve o vestido alvo senão para casar?
Suas núpcias vêm na primavera, no desabrochar
adornadas de flores, risonhas, celebram a vida
esquecidas das dores, rosinhas, fecham a ferida.
No verão vem o sol que tudo ruboriza
não se vê alívio nem farfalhar com a brisa.
Tudo se reveste de um verde gritante, doentio
e os ramos novos se inebriam com o rio.