Tudo Aquilo que Não Vou mais Escrever
Não vou escrever sobre coisas felizes
Só na tristeza vejo uma poesia
Que jamais serei capaz de encontrar na alegria
Pelo menos, exorcizei meus fantasmas
E agora posso mergulhar em águas mais calmas
Posso esquecer-me em sentimentos mais serenos
Porque a liberdade é como um lago de águas claras
Como um raio de sol tocando a pele que há muito só conhecia o frio
Porque a liberdade é um coração partido tornando-se leve
É uma dança suave numa noite de lua crescente
Porque o amor é superestimado
Por poetas suspirantes que ansiarão eternamente pelo inalcançável
Por donzelas em perigo sonhando com príncipes de prioridades invertidas
Pela lua cheia com seu brilho ridículo que não passa de reflexo do sol
Por milhares de canções de amor
Que incentivaram muitas loucuras
Mas nunca fizeram alguém realmente feliz
Não vou escrever sobre coisas felizes
Porque estarei ocupada demais vivendo
Alcancei minha estrela e ganhei o Universo
Enquanto meu fantasma está longe
Ao lado das serpentes que escolheu adestrar
(Cuidado, cuidado para não se envenenar)
(Cuidado, cuidado ou uma delas pode se tornar)
Não estou mais dizendo adeus
O tempo para isso já se foi
Não me importa mais se encontrarei outra inspiração
Às vezes, uma porta se fecha
Mas um buraco negro se abre no lugar
Eu estou viva, afinal
E também não pretendo escrever sobre fantasmas