A Noir tecer da noite

Anoiteceu.

Anoiteceu após a noite.

As luzes da cidade, sem conhecimento prévio, apagaram.

Anoiteceu e escureceu mais

Do que escureceria se fosse uma noite qualquer.

Escureceu. Eu via os olhos de Florbela olharem o escuro:

eles também enxergavam os meus, mais nada.

— Florbela, o que tu tem?

Florbela, Florbela, que tinha sumido. Florbela não sei pra onde.

Florbela desapareceu no Infinito.

Florbela, onde estás? Volte logo!

Viver sem Florbela era um suicídio!

Lágrimas se acumularam no seu cérebro,

no seu cérebro perdido e maltratado.

— Florbela? Florbela?

E o pensamento embargado sufocou.

Viver sem Florbela...

Viver sem Florbela...

Sem Florbela a luz, o escuro, todos os inventos humanos,

não eram nada... e este mesmo nada não existia.

Preparado para viver morrendo, abriu os olhos:

Era Florbela! Florbela!

A mesma Florbela!

Era Florbela! Florbela que tinha piscado os olhos

e sumido pela eternidade!

Florbela que agora acendia a cidade e o mundo.

E Florbela, alimentando a dor e o amor,

Sumia entre espasmos

E cada vez surgia mais bela

Nos olhos escuros:

era noite e anoitecia.

Dan Oliveira
Enviado por Dan Oliveira em 15/10/2015
Código do texto: T5415889
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.