SÃO FRANCISCO

Não falo do homem santo,

o dos pobres e oprimidos,

o que disse que é dando que se recebe,

o que afirmou que,

para viver é preciso morrer.

Pego gancho na finitude,

peço benção e proteção,

pois neste controverso assunto,

bebo de todas às águas,

entre elas, as do povoado de Piaçabuçu,

banhado, desde sempre,

pelo Rio São Francisco,

que é de quem, na verdade, quero falar.

O Velho Chico...

sempre explorado e maltratado,

com cinco garrotes em seu curso,

ferido gravemente

com a transposição de suas águas,

tem a metástase mais visível,

em sua parte mais baixa,

nas cercanias da sua foz;

onde o rio não é mais rio,

onde o rio já virou mar.

O Velho Chico

não é mais o aríete

que desvirginava,

com vigor e mansuetude,

penetrando fundo,

as águas do mar.

Tiraram a virilidade do rio.

Meu Santo São Francisco de Assis:

agora é com o senhor que vou falar;

sei que é preciso perdoar para poder ser perdoado,

mas... até quando?

Orlando Pimentel
Enviado por Orlando Pimentel em 14/10/2015
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