Poesia de Quintal

Olhando de passagem/

Sem qualquer dublagem/

Revi o local/

Que foi o meu quintal/

Lá onde hoje o chão está ressequido/

Onde não há mais árvore/

Nem a casa pra matar a saudade/

Que sabiás, cigarras, bentivis/

E toda a passarada/

Faziam a festa de partida e chegada/

Onde havia um jardim/

Cujas borboletas valsavam/

Entre os besouros/

Grilos, gafanhotos/

Sapos e flores/

Onde a casa em madeira de lei/

Toda avarandada/

Com janelas rendadas/

Lá onde inventei/

Tantas rainhas e reis/

Lá onde desdenhei de São Jorge na lua/

Onde se podia ver chão de estrelas/

Foi o meu paraíso infantil/

Lá onde a paz se harmonizava com alma/

Versando uma essência feliz/

Lá onde fui família/

Hoje não passa/

De uma rua de pedra/

Na cidade sem luz/