TEMPORAL

O temporal me amedronta,
desatino, fico tonta,
fecho os olhos apavorada
com o rumor da trovoada,
a estrondar em meus ouvidos.
No ar escuto gemidos,
de outros tantos como eu,
que ontem eram ateus,
mas depressa se convertem
em carolas penitentes,
implorando por perdão.
Mentira de ocasião,
tão logo se vai o medo,
vejo que já se divertem,
sem guardar qualquer segredo
do que fazem, de onde estão.
Foi só um papo furado
para resgatar os pecados,
que lhes cumpria pagar.
Cuidado, porém, minha gente,
é melhor se acautelar,
porque mais que de repente...
Temporal pode voltar.



 
Para o belo poema "A Tempestade" de Deley
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5409358


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