RESQUÍCIO DE VOCÊ

Como não querer avidamente degustar

Esses lábios carnudamente fatais?

Como não se perder no labirinto

Desses olhos gatunamente sensuais?

Como não ser deliciosamente tragado

Pelo magnetismo extenuante desse olhar?

Como não se afogar delirado de desejo

Contemplativo ao ver esse rosto-mar-de-amar?

Como não tocar suavemente (ou não) esse cabelo

Cuja noite mostra-se em cor, brilho e mistério?

Como não salivar nessa pele-superfície-derrapante

Minha língua que viaja em palavras e gestos?

Como não contemplar essa sinuosidade corpórea

Encerrada nessa perfeição maldosamente desmedida?

Como não morrer depois de testemunhar

Tal preciosidade em uma mulher mais que esplêndida?

Aprisiono-me em poema e despedida...

Me ensina, por favor e misericórdia,

A não escrever essa poesia

E abandonar de uma vez por todas

Esse resquício que me dera em sua vida?