ah!! esse moço
ah!! esse moço
...e esse moço de bom nariz
aprendiz teimoso de ser poeta, sem livros escritos nas prateleiras
aprendiz das inutilidades
servente das coisas efêmeras
amante das traduções dos silêncios
que goza com a carícia dos ventos
que se arrepia com o nascer do sol
ah !! esse moço
com cara de doido,com cara de índio
e com pinta de muleque-menino abestado
fura mundo que
que pede pra poesia ser a sua aliada
pois do seu mijo nutre seus sonhos e caminhos
ah esse tal moço
forasteiro cabisbaixo
sorrateiro sem malicias
cabelo esfarrapado, negros de tão sujos de ousado
penteados pelos redemoinhos açoitados, a dizer não
ao tempo presente com cara de passado
como os vermes que se nutrem da podridão dos tempos
sedentos de harmonia
no vexame louco
das beiras dos abismos,
das asas quebradas
com reparos cirúrgicos
nas pontas negras absolutas
de tardes esguias,sombrias ensolaradas
ah!! esse moço!!
que perturba a ordem com a desordem mundana
trivial
ah!! esse moço!!
inquieto, careta, metido a besta
que quer alcançar voos no calcanhar do mundo
todo sujo de poesia febril nos seus caminhos
ah esse moço
torto tonto solto
com cheiro de vômitos que a arte estilhaçou nos úberes do tempo
ah!! esse moço
louco!!
com pinta de doido!!
ah!! esse moço
esse equívoco
esse desnível
esse troco errado
nas vanguardas dos ébrios como sementes
assassinadas pelos urros das curvas
nervos insossos
das carências
sem olheiras
ah!! esse moço!!
herege, ateu, substancia absurda dos manejos
sorrateiros de pontes invisíveis
esse moço que paira
bêbado, surdo, cego, esse absurdo humano
do descanso da caminhada
torta, tonta, curva, perfumada por folhas secas, sujas
das vanguardas sem olheiras de atrasos
que subordinam horizontes
ah!! esse moço
com bom cheiro de alecrim,
de terra molhada, arada pelo verme da poesia
que se instala e se instaura
na beleza dos ventos
com "sobejos" das matizes de todas
as madrugadas