REFORMA

 
 
quando meto-me
a poeta
minha meta
é da lama
retirar poema

tirar o pé barro
refugiar-me
nas palavras
que agarro
para meu desarme

tirar do mundo
da essência
do que é imundo
a bela forma
que à coisa
reforma

como é vã
meta de poeta
contento-me
com minhas
amarguras
agruras
feiuras
 
de quem no mundo 
mergulha 
às 



curas 

de quem nele 
escora 
encosta 
as costas 
até na pele 
criar escaras 
  
por isso desdigo 
pornão ser coisa vã 
a que no mundo 
leva vida pura 
e sã 

cancelo a reforma 
mantenho a forma 
conforme do mundo 
é a norma:
raso 
profundo 
limpo 
imundo