Entrelinhas
Saio das entrelinhas
Numa profusão de exacerbados sentidos
Tudo exagera e me consome.
Os dias, as vestes, as colunas sociais
Me exaurem de mim
Quando lavo a louça
Guardo sapatos
Estico os lençóis na cama,
Algo me exagera
E consome.
Então abro as cortinas
E fecho as portas e as janelas
Mas meus olhos permissíveis
Te veem pelas frestas
Cidadão comum
E algo em mim
Mais que exagera e consome
Para além do que suponho
Por trás
Da tua barba
Mal feita.