O dia do touro
Ali e naquele tempo
Eu me sentia um miúra
As narinas fumegando
Que feiura
Um bicho novo e fogoso
Dava gosto ao matador
Venha
Aproxime-se, mostre seu valor
Eu, sendo bicho, ciscava
A poeira levantava
O sol torrando tudo e todos
Que gosto sentia o contendor
Lutar com aquele bicho
Demonstraria seu valor
A luta ficou apertada
De cada lado vinha
Ora uma capa
Ora uma patada
Ao redor o povo em fúria
Incitava bicho e toureador
Uma demonstração da beleza
Como nunca fora vista
Eu, bicho, me exibia
A espada me apontava
O dorso eu mostrava
Convidava
Era só vida e razão
Tantas voltas na arena
Um ilógico amor se demonstrando
Entre mim e o matador
No auge de sua elegância
Prometia e não cumpria
A morte esperando, calculista, fria
O bicho se esquivando
E depois atacando
Não demonstrava, sofria
Tudo colorido
A música servindo à porfia
O touro mirou nos olhos
O homem que sorria
E sem que se soubesse o porquê
Cai do céu um raio
E fere de morte o bailarino
Que no chão prostrado
Era um velho
Morrera o menino