O dia do touro

Ali e naquele tempo

Eu me sentia um miúra

As narinas fumegando

Que feiura

Um bicho novo e fogoso

Dava gosto ao matador

Venha

Aproxime-se, mostre seu valor

Eu, sendo bicho, ciscava

A poeira levantava

O sol torrando tudo e todos

Que gosto sentia o contendor

Lutar com aquele bicho

Demonstraria seu valor

A luta ficou apertada

De cada lado vinha

Ora uma capa

Ora uma patada

Ao redor o povo em fúria

Incitava bicho e toureador

Uma demonstração da beleza

Como nunca fora vista

Eu, bicho, me exibia

A espada me apontava

O dorso eu mostrava

Convidava

Era só vida e razão

Tantas voltas na arena

Um ilógico amor se demonstrando

Entre mim e o matador

No auge de sua elegância

Prometia e não cumpria

A morte esperando, calculista, fria

O bicho se esquivando

E depois atacando

Não demonstrava, sofria

Tudo colorido

A música servindo à porfia

O touro mirou nos olhos

O homem que sorria

E sem que se soubesse o porquê

Cai do céu um raio

E fere de morte o bailarino

Que no chão prostrado

Era um velho

Morrera o menino

taniameneses
Enviado por taniameneses em 09/10/2015
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