No cochilo da aurora
No cochilo da aurora
O’ noite estendida sobre mim
Trouxeste a insônia entediante
Que me sacudiu para buscar, enfim
Estrelas que cintilavam no céu distante!
O’ noite sombria que inquieta o ser
Faz-me ver a porta sempre aberta
Para entender que tudo posso ver
Além da condição humana incerta!
Na incerteza enroscada na insônia
Ouço um bater de asas em voo rasante
Que traz o odor irritante da amônia
Presença nua de uma saudade oscilante!
Nesse estado de espírito, sinto ir além
Vejo emoldurar minha janela a montanha
Mergulho no meu interior, uma voz me detém
Nessa hora sinto a beleza de uma paz tamanha!
No cochilo da aurora descanso, me refaço
E a luz rouba de mim a inquietação e a dor
Chega etérea claridade, desata o laço
Alvorada em minha vida, renasce o esplendor!
Mena Azevedo