MESSIAS

Por Roosevelt V Leite

Vinde, façamos para nós uma torre que nos leve aos céus!

Vinde, construamos uma barca que nos salve a todos!

Nosso Messias, tem dias, que não nos aparece.

Mesmo com tanta prece,

Mesmo com tanta pureza,

Mesmo com tantas igrejas.

Vinde, desçamos ao inferno!

Lá, encontraremos a mais refinada verdade.

Lá, não existe vaidade.

Lá, há somente culpados.

Lá, não existe inocentes.

Um homem como eu juntou seus amigos e fundou uma organização.

Seu intuito era o bem do outro;

Daquele que caminha na rua sem destino premeditado.

Dizem que esses carecem de salvação.

É este o sermão repetidamente pregado.

Perguntaram ao poeta se ele não se filiaria a mais nova religiosa denominação.

O poeta, então, pensou:

Se tirarem de mim minha culpa me roubarão a liberdade.

Se me salvarem de ser eu mesmo perderei a rima; não terei mais prosa.

O mundo só tem sentido perdido.

A vida só tem gosto com labuta.

A caminhada sem encruzilhadas é linha reta, cansa, é rotina.

Morar num bairro novo, e não poder olhar a esquina, é água rota numa velha tina.

O homem santo não canta a vida; ele é amigo da morte, não crer na sorte, e diz que pode ser forte. Tão forte quanto a natureza que o fez; tão forte quanto os instintos que o domina; tão forte quanto suas palavras no púlpito de sua catedral.

O poeta disse que os homens são areia;

O poeta disse que os homens são poeira das estrelas;

São sonhos diurno e noturnos.

A soma dos homens é um movimento perpétuo;

Suas palavras formam teias que cobrem o mundo, e o mundo não é só meu.

A trama do mundo deve ser vivida;

O sabor da vida é o sol quente ou o frio do dia-a-dia.

Onde está, então, o teu Messias?

Disse, finalmente, o poeta:

“Ele é a chama que arde dentro de ti”.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 09/10/2015
Reeditado em 09/10/2015
Código do texto: T5409260
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