MENTIRA

Digo sempre o que posso.

Nunca digo o que quero

ou preciso.

Aquilo que digo, portanto,

está aquém do meu pranto,

impreciso.

O que me importa fica de fora,

fica antes do zero... Eu acosso,

e desespero.

Fica o escrito , fragmentos

dos meus sentimentos,

o não-dito...

Perco-me no infinitamente pequeno

ou no infinitamente vasto...

e ali me arrasto.

Não digo e é obsceno

esconder o que não posso contar...

Veneno!

Escrevo o que penso que sinto

mas sinto o que não consigo mostrar.

Minto!