NO ALPENDRE, DE MANHÃ
Antonieta Lopes
Quando escrevo os dois cães que tenho ao lado
Não latem, não se mexem, compreensivos,
Não andam como alguém preocupado
Com seus ternos, chapéus e adesivos.
De vez em quando lançam-me um olhado,
Sem se tornarem meio introspectivos,
Seu ego pequenino preocupado
Pra que eu alcance os meus objetivos.
Incrível o bom senso do animal,
De tanta compreensão até duvido
Mais do que das pessoas, afinal?
Assim toda manhã o meu sentido
De volta pra o que escrevo na total
Quietude do animal calmo e entendido.