Em nome da dor

Em nome da dor,

Em nome do grito.

Em nome da puta santa

Que me expulsou do paraíso.

Em nome do pai,

Em nome do filho.

E dos velhos de batina

Sedutores de meninas e meninos.

Em nome da cruz

De Jesus Cristo.

E dos homens que morreram

Ao seu lado e eram bandidos.

Em nome do sangue nas guerras

Derramados,

Muitas foram as lágrimas das

Mulheres dos soldados.

Em nome de Deus

Os meus pecados.

E a vida infinita para

Sentir-me culpado.

Em nome da culpa e

Do tormento.

Sedutores cuja essência

Me faz esquecer o firmamento.

Em nome da bomba atômica

Calando o sorriso de crianças

Atônitas.

Em nome das mulheres e

Seus maridos.

Carregando no sangue

A “herança” para seus filhos.

Em nome da guerra,

A mais bela arte.

Ceifando trigo e joio

Em um final de tarde.

Em nome do Índio,

Em nome do branco,

Em nome do negro

Acorrentados na senzala atormentados

Pelo próprio medo.

Em nome da chuva ácida e

Da seca no Sertão.

Em nome da chuva que

Deságua em correntezas

Pondo sonhos coloridos ao chão.

Em nome da fome e

Da circunstância adquirida,

Cujo ato tanto abre como

Fecha feridas.

Em nome da nova terra

Prometida por Moisés,

E por todos os mandamentos

Resumidos em dez.

Em nome dos ares e

Toda sua longitude.

E dos gigantes que

Singram os mares

Com toda sua plenitude.

Em nome dos deuses

Perdidos no infinito,

E de todos os demônios

Corrompidos.

Em nome da mãe

Amamentando o filho,

Em sua crença tola que

O mesmo ainda está ligado

Ao seu umbigo.