Pecado de Deus

Meu Deus/

Deves pensar/

Se não se arrepender/

De ter permitido nascer/

De novo, o Bicho, Homem/

Pois que, quem tem olho pra ver/

Sente na alma/

Toda a dor/

Dessa miséria cultuada a bel prazer/

Para fazer eu ou você/

De escravo/

E não adianta querer ser diferente/

Pois são tantas as frentes/

Que o ser tornou-se oposição do ser/

Há nos corredores um malgrado/

Um estatuto desconfiado/

Visto que a todo instante estão, o país querendo vender/

De certo, que esses mancomunados/

São frentes e indecentes/

Matam todos os dias famílias/

Com as suas ações visando o poder/

Não temos escrúpulos/

E a voz da sordidez sobressai como um surto/

Numa solidariedade criminosa/

Que esvoaça de mão em mão/

Forjando legiões de mortos - vivos/

Se esse é um castigo/

Por favor meu senhor/

Me deixe sair da vida pra entrar na morte/

Não se aguenta mais/

Ficar de mãos atadas/

Vendo a hora passar pra desistir/

De viver na esperança/

Porque esses homens/

Na sua intransigência/

Na sua ganancia insana/

Acumulam para si metais/

Enquanto o povo omisso/

Quando não segue o escuro/

Segue cabisbaixo as ordens de morrer calado/

Sustentando os muros/