DESARRUMAÇÃO
Aprofundando na moleira do destino
eu menino vasta idade a desbravar.
Tanta saudade que amontoa e eu pequenino,
ainda criança, sem ter medo de brincar.
A nuvem branca pode ser o meu cavalo,
sempre alado pelo espaço a me levar.
O mar às vezes torna-se o meu espelho
e eu pentelho então me ponho a viajar.
Desarrumando o universo sigo adiante,
minha janela pleno olho me guiando.
Metamorfose inerte sigo errante,
a cada instante,
enquanto o mundo vai girando.
Meus pensamentos são as páginas de um livro.
Vou escrevendo recriando a criação.
Um ser incrédulo, revoltado, mas passivo,
sem deixar nada pra futura geração.
Sem dividendos, dividido, sempre em frente
retroagindo além da percepção.
Caminhos ermos desbravando descontente,
criando calos sobre os calos da mão.
Sempre tentando desvendar o teorema
da teoria da vida e da cruel morte,
conspiração que tornou-se a o livro sagrado
não de bom grado a causar-me fino corte.
Desarrumando a todo instante arrumo tudo,
e então desnudo o que outrora esteve oculto,
entre luzes e sombras me descubro.
Um fiasco, um monumento. Só um vulto.
Saulo Campos - Itabira MG