Asa Branca

Admira-me muito tantas/

Tantas e tantas imoralidades/

Absurdos chegam a ser atrocidades/

Passam nas janelas dessa sociedade/

Todos sabem/

E a justiça fecha os olhos pra não julgar/

Mas ninguém ousa falar/

Que há no ar uma falsidade/

Conhecida como ordem/

Tudo está fora do lugar/

E desde muito tempo/

Os burocratas se vestem de magnatas/

Os capitalistas e a elite modelo avisam, corrompe ou suborna/

Pra ditar o que pode fazer, ou o que não se deve usar/

Quem tem medo do pecado/

Julga por si e sentencia o errado pra em nome de Deus errar/

A liberdade não ofende a moral/

O que mata a beleza/

O que torna vulgar é o juízo de valor dos hipócritas/

O nu nunca foi anormal/

Nasceu tal e qual/

Aliais a anomalia está no coração dos envenenados/

Por acaso em casa o filho ou a filha não mataram a sua fome nos seios sem nome/

Já faz tempo que quero falar/

Não entendo/

Chamarem de vulgar/

A Arte e a liberdade da mulher andar sem blusa/

Ou será que elas são aleijadas/

A obra não deve mais ficar/

Sem face/

Fica esquisito dizer filho vamos ali/

E quando a filha quer ir, vai alem do cuidado/

Vista a blusa, se não você não vai/

O homem não tem que permitir/

A lei não deve escandalizar/

Ou agora, os seios lindos são ofensa aos olhos/

Vamos nos educar/

O que devemos mesmo é amar/

Ninguém vai matar ou morrer andando com os seios livres/

Volta a retratar/

Sei que devemos cuidar/

O mundo é perverso/

Mas quem entende sem maldade/

Quer mostrar a sua intimidade/

Sua beleza espetacular/

Então que vá/

E deixe nos quartéis dos senhores feudais/

O cuidado exemplar/

Temos mais coisas pra organizar/

Afinal há tanta gente morrendo de fome/