TODAS AS MANHÃS...
Todas as manhãs procuro
Um verso no escuro...
No perigo da jornada
Voz silenciada...
Sigo cego o meu instinto
Sem visão consinto...
Há pegadas em meus passos
Nesse tempo escasso...
Logo vem a luz que é cega
Tudo em mim renega...
Pego um verso clandestino
Que sem ter destino,
Vem em minha companhia
Mas, nem desconfia...
Intenciono aprisiona-lo
Como o meu vassalo...
A fronteira atravesso
Com aquele verso,
Mas, poesia, vai se cala...
Na manhã preclara,
No clarão agudo
O meu verso perde a fala
E... Meu poema fica mudo...
A palavra então flutua
Sobre a folha nua...
Eu humildemente peço
Novamente ao verso...
Deixe-me mais uma vez
Na mudez do olhar
Como o marulhar do mar
Tua placidez...
...E permite a poesia
Repousar na pena
Um poema e mais um dia
Na manhã serena...
Autor: André Luiz Pinheiro
05/10/2015