DESAMPARO
 
Noite a dentro rolo insone
gritando alto teu nome,
tão intensa é minha dor.
Vi, ao longe, o sol se por,
a manhã chegar vadia...
Que vou fazer dos meus dias,
assim inúteis, vazios,
o corpo tremendo de frio?
Vida má, vida madrasta,
que me atormenta, me arrasta
pelo chão, é furacão.
A mim nunca me deu flores, 
só angústia, dissabores,
dor cruel, desilusão.
Já tenho os pés feridos
de tanto andar, estou perdido,
sem ninguém, sem um amigo
para partilhar comigo
um carinho, um afeto,
o conforto do seu teto
e, enfim, me abrigar.

Nestes traços me desfaço,
anjo meu, vem me guardar.