Pecunia non olet

Se teu dinheiro não tem cheiro

O meu não tem cheiro, nem forma, nem cor

Se encontraste no chão, sujo, e levaste ao banqueiro

Oriundo do roubo, do pecado, da dor?

Se teu dinheiro te faz rico e corado e gordo e feliz

Fizera por ele todos os teus sacrifícios

Mataste, roubaste, correste mil riscos

Para então guardá-lo sob o teu nariz

Se tudo o que tocas é prata ou é ouro

Fizeste com a sorte teu maior tesouro

Sem cheiro, achaste até que era mel

Arrependido procuras livras-te do mal

Mas grudado à tua alma tens o vil metal

E amargas na boca o gosto do fel.

Gilmar Fernandes Martins

Corumbá, 05/10/2015