Souvenir
Rasgue a cortina cinza de meus olhos turvos,
Dobre meu mundo para que os horizontes se toquem
Invadindo-me com o encontro das cores
Do crepúsculo e da aurora
Que escorrem por tua pálida face
Refletida pelo prisma da neblina
De um sonho pintado por Monet;
Deixe-me ser o escafandro
Dos lugares inóspitos de tua pele e alma
Me perdendo no desvão de teus anseios,
Me afogando em teu abismo doce
Para emergir-me em teu aquário de peixes laranjas
De um beijo agonizante que brota de teus lábios
Destilando em meu colo o mel e o fel
Do cerne de uma flor noturna
Enquanto a vertigem perfura nossos olhos
Em uma centelha de pétalas de Morfeu
Configurando o espectro da rosa perpétua
Projetada com as cores mais vivas
Na areia de nossas lembranças.