Eclipse das Identidades
O que eu disse já deixa de ser
no momento que outro ser clama por ser eu.
O que eu penso ser faz nascer os trejeitos
que com seus frágeis conceitos
embarga
engasga
maltrata outros velhos jeitos de ser;
que se envergonham por não serem outros...
frouxos laços
que tentam unir em um descolorido espaço
seguro e abrigados
pela identidade.
O pensar que se é e o que se é,
ao tempo contado da idade
que nada mais é do que vaidade
de defender o certo
ou o errado
modo
de se olhar no espelho,
com o corpo em seu tônus e pequenos sinais espasmódicos,
reflexos de modo inglórios.
Pois aquele que pensa já não é
E aquele que é e tem o sempre ao seu lado ,
como um deus com os pés que se misturam à terra
as mãos que tocam o céu
o corpo como um raio...
Mas a luz que jazia estendida
no topo da compreensão
apagou
já não há corpo
já não há Deus
já não há...