PARTENON LITERÁRIO : PONCHO DA HISTÓRIA

Calha no tempo e seus andares

a roda denteada das lembranças.

São os brios, mares de inquietudes,

movendo os idealistas.

É um marasmo o contar da história

pra quem provê-la nem pôde.

Cala o tempo a sua voz rouca,

na dura paz dos entreveros.

Cria, sem desdouros,

o socavão dos excluídos.

Somos sempre os frutos sazonados

das escrituras do medo.

É de vitórias e louros que se move a roda.

Ainda assim, entre os solavancos

do monjolo,

sofremos dos mesmos amores.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

O temário ternário

está vivo

e perpassa sobre nós.

Há um largo poncho de realidades

cobrindo a chama votiva.

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 31.