TANGO AO SUL DA PÁTRIA

(para Perpétua Flores, borboleta da Casa de América)

Estás aqui desde o crepúsculo de ontem,

ventos e chuva,

quando os pombos corruptuavam

nos telhados.

Le Pera, Donato, Gardel, Astor Piazzolla,

avoengos com bordoneios de pátria.

Bandoneones, claves-de-sol.

Amadas perdas:

Eva, a irmã, seu corpo trapo sobre a cama,

gelo na cordilheira de viver.

Dom Arturo:

nem o vento a lhe soprar pela boca.

(andorinha andarenga amor dores,

sabes estar presente no coração.

Impetuosa, lhana, vento sul).

Virtual mapa de amor,

poesia tem rotas próprias,

transcendência,

blanda em sus recuerdos.

Somente senderos nulos

fachos prestes a se apagar.

Dessas tardes grises que o Sul

sabe o quanto dói.

- Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 74.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/54035