O Bobo e o Rei

Jovem saltimbanco,

era o bobo da côrte

Que nem um cavalo manco

Caminhava meio torpe

e tinha o amarelo sorriso

com o rosto cheio de tinta

como fosse urgente preciso

Bebericando cachaça

o rei que a ele fitava

tramava a sua desgraça

quando este baixou seu olhar,

causando tremendo espanto

o bobo sem pestanejar

tomou-lhe a coroa no entanto;

mas que triste desalinho

feito noutra trajetória

uma feita de espinho

dividiu ao meio a história

por um punhado de ouro

com um gesto de carinho.

Por outros e entre tantos

perdeu- se a coroa de louros

rogada por outros cantos

em pleno o salão do oráculo

O auto do saltimbanco

no meio do espetáculo

Em que divertia o monarca

ondes as suas mangas rotas

do velho fraque branco

e forrado de lã de alpaca

expeliam-se muitas cartas

cartas de amor e de sorte

aos nobres da mesa farta.

lhes previam a fortuna e a morte

para atrair atenção

Era a última chance

do palhaço saltimbanco

Se livrar do tabernáculo

ou das garras do leão

E do generoso ato

obter do intolerante

A graça do indulto

e que lhe pouparia o pranto.

Com um sórdido maldito

a corte o condenava

um destino absoluto.

O rei encharcado em vermelho

ouvia e gargalhava

que "Narciso" encarava o espelho

quando nenhum veredicto

em seu favor contemplava

por crime contra o rito

foi colocado de joelhos

a expiação do palhaço

para ouvir o Supremo Conselho

é sumária de crimes tantos.

Foi parar num calabouço

num fétido e úmido fosso

Pra o arrependimento

do pecado que ele fez

Que sem discernimento

tirou a coroa do "santo"

causando um tremendo alvoroço

Condenaram o membro de horda

amarrada ao seu fino pescoço

o infortúnio da corda.

Paulo Cezar Pereira
Enviado por Paulo Cezar Pereira em 03/10/2015
Reeditado em 24/10/2024
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