FLASHES

FLASHES

Os pés pisam sem medo areia quente

Quase fervente

A casca é grossa do andar descalço

Resiste tranquilo o chegar a beira mar

Sente o frescor que sobe da base

Até a cabeça coração

E começa a caminhada chutando ondas

Catando conchas e ouvindo a sinfonia

Das águas desaguando na praia

Agora passado tanto tempo

Os pés são frágeis

Não resistem a quentura

Estão há tempos calçados

A pele é finamente delicada

Por anos de escondimento

Em tênis com e sem marca

Mas há uma marca

Ali na estante

A concha em espiral

Que coloca no ouvido

Apanhada um dia

Numa praia que

Não é mais a sua

Mas que indelével soa

Quente como areia quente

Quase fervente

Espraiando frescor de ondas

A beira sem mar

Sem pés nem cabeça

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 03/10/2015
Reeditado em 03/10/2015
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