TEMPESTADE
Tremor no chão,
No céu um risco
Trovão, corisco
Todos se tornam anônimo
Não se chamam João
Bento, Paulo ou Francisco
Pelo sim, pelo não
Bárbara e Jerônimo
Sinal da cruz em perdão
Quantos medos vêm do alto
Temores tomando de assalto
Corre sem rumo prum canto
Nem dá a última pro santo
Vai sendo levado ao vento
Mundo virado do avesso
Revolve o seu sofrimento
Bate e remói o pensamento
Vale a pena outro recomeço?
Qual o pecado remite
Cair tanta tempestade
No fundo tem um palpite
Falta aos céus a bondade
Outra vez de joelhos se dobra
Recolhe cada pedaço que sobra
Da vida, esperança e família
Momento do homem ser ilha
Vale a pena retomar a trilha?
Corisco, trovões, aflições
Lágrimas se misturando
Às águas do céu caindo
Da fé se duvidando
Fizera tantas orações
Olhar vê tudo levando
Na noite que vai sumindo
Tristeza e angústia a pensar
Sorri num breve consolar:
Este pesadelo acabando
Haverá outro sol se abrindo
Valerá a pena recomeçar?