ERREI DE SANTO

Sol de rachar brotou

A colheita se perdeu

É o jeito repartir

Com vizinho dividir

O pouco que sobrou

Essa secura todo ano

Arrebenta nosso plano

De a vida melhorar

Tem uns pedaços de país

Que as gotas de céu se junta

E fazem tanta enchente

Que os olhos de gente

Que nem a gente

Se põem a lacrimar

Pois de novo, de repente

Veem a vida despedaçar

Sem saída nesse beco

Uma sinuca de bico

O sertão está todo seco

Também quase o Francisco

Mas lá longe do rio

Sem aviso, cai granizo

Morre criança de frio

Já pedi pra Santa Clara

Santo Antônio pus no sol

Cruz de cinza no quintal

Pra ver se a secura para

Bate dúvida no pessoal

Qual terá sido o pecado

Pra tanta chuva de um lado

E no outro nem sinal

Água demais prum canto

Noutro nenhum respingar

Não é por falta de oração

De promessa, de procissão

Acho que o céu se atrapalha

Ou então errei de santo

Na hora de rezar?

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 02/10/2015
Código do texto: T5401674
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