julie delpy
lá está ela: francesa despenteada
a se auto-fotografar em cada olhar calculado
com aquela cara de inocente – e inocente de fato
com o cinismo
e a traição das mais inteligentes fêmeas
sincera e cínica, é o que ela é
mas, fazer o que? se a vida é cálculo...
se o amor é xadrez
se a viagem de trem de celine
tem algo além: a busca do fim do túnel
a espera do novo a cada nova estação
a pele, cada nova sensação
os olhos, cada novo vislumbre
cada contemplação inquieta
mas que fim tiveram jesse e celine?
com que bagagem mental
teria jesse voltado pra casa?
ele, que escrevera um romance por sua causa
ele, que a amou desde viena
ele, que a amou, secretamente –
e isso é segredo até pra ele – desde o trem...
ela, a mais linda das despenteadas.