Minha Única Testemunha

I

A única testemunha

Do tudo e do nada,

É o céu.

De manhã, ele saúda

O sol com um luminoso bom dia,

Enquanto despede-se

De uma fraca e pálida lua,

E sempre, mais tarde, o inverso

Acontece.

Assim ele permanece.

II

Apenas troca de vestimentas:

É cinza, quando a tristeza

Toma conta das suas formas imensas

E, escondido nas nuvens, chora,

Lamenta,

Uma dor que conhece de perto.

- é retrato puro da melancolia -

Veste-se também de negro,

E confunde-se com o Universo,

Quando durante a noite sai em segredo,

Para conhecer o mistério

E, como poeta, escrever sua poesia.

- a aurora é o retrato de um céu bêbado -

Cobre-se de azul,

Quando algum transeunte lhe sorri,

A única forma de retribui-lo,

É com seu sorriso,

De bom humor.

- retrato de um dia feliz -

III

Lá de cima,

Ele vê até mesmo

A primeira flor

Que nasce na primavera,

E a corrida desesperada

Das abelhas da colméia

Em busca do puro mel.

Portanto, se algum dia,

Eu for indiciado por falta de amor,

Eu convoco uma audiência pública

Na qual minha única testemunha

Será o meu, mesmo do teu e

Mesmo de todos,

Céu.

IV

Ganharei a causa.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 25/06/2007
Reeditado em 25/06/2007
Código do texto: T540065
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