Minha Única Testemunha
I
A única testemunha
Do tudo e do nada,
É o céu.
De manhã, ele saúda
O sol com um luminoso bom dia,
Enquanto despede-se
De uma fraca e pálida lua,
E sempre, mais tarde, o inverso
Acontece.
Assim ele permanece.
II
Apenas troca de vestimentas:
É cinza, quando a tristeza
Toma conta das suas formas imensas
E, escondido nas nuvens, chora,
Lamenta,
Uma dor que conhece de perto.
- é retrato puro da melancolia -
Veste-se também de negro,
E confunde-se com o Universo,
Quando durante a noite sai em segredo,
Para conhecer o mistério
E, como poeta, escrever sua poesia.
- a aurora é o retrato de um céu bêbado -
Cobre-se de azul,
Quando algum transeunte lhe sorri,
A única forma de retribui-lo,
É com seu sorriso,
De bom humor.
- retrato de um dia feliz -
III
Lá de cima,
Ele vê até mesmo
A primeira flor
Que nasce na primavera,
E a corrida desesperada
Das abelhas da colméia
Em busca do puro mel.
Portanto, se algum dia,
Eu for indiciado por falta de amor,
Eu convoco uma audiência pública
Na qual minha única testemunha
Será o meu, mesmo do teu e
Mesmo de todos,
Céu.
IV
Ganharei a causa.