É carne, é carne

É carne, é carne – minha cabeça dizia

Como se me alertasse daquilo que já sei

Não importava quem ou o que aparecesse

A cabeça repetia: é carne, é carne!

Ao cortar o bife no horário de almoço,

Correndo, apressado pra voltar pro batente

Era sempre alertado de que sou a única gente

Capaz de enxergar e lidar com a verdade

A caminho do trabalho no farol ali parado

Olhava assim meio de lado e era notificado

O motorista em outro carro acabou percebendo

Que minha fome insaciável ia ser aniquilada

Esta noite eu fui além e depois à sua casa

Ao lado de sua cama, sentado ali parado

Olhando enquanto Morfeu o acariciava

Na cabeça; era como facas se amolando

Tive um ataque ou desejei que assim fosse

Minha boca salivava e nenhuma voz houve

Naquele momento abocanhei seu pescoço e

Me veio a confirmação: é carne, é carne!