sou índio

Sou índio, e minha fala é pressa,

Não cultuo deuses, nem tenho catequese.

O mal aprendi com os brancos

Nunca matei um bicho, se não fosse comida,

Sou índio,

Nunca me vi solto,

Quinhentos anos, e a caravelas chegar, em ondas altas,

Fazei sinal, terra, a barca inda balança.

Sou índio,

Tantos livros, tantos títulos, roupas finas!

Nu sou quase deus,

Nu, sou perpetuo.

Sou índio,

Onde pós meu olhos, doce foi meu espirito,

Explicai a máquina, a depressão,

Minha fogueira queima mansa.

Sou índio,

E o jeans me é bem justo,

Absurdo é a dança,

Como ainda não aprendi o gingado.

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 30/09/2015
Código do texto: T5400114
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