sou índio
Sou índio, e minha fala é pressa,
Não cultuo deuses, nem tenho catequese.
O mal aprendi com os brancos
Nunca matei um bicho, se não fosse comida,
Sou índio,
Nunca me vi solto,
Quinhentos anos, e a caravelas chegar, em ondas altas,
Fazei sinal, terra, a barca inda balança.
Sou índio,
Tantos livros, tantos títulos, roupas finas!
Nu sou quase deus,
Nu, sou perpetuo.
Sou índio,
Onde pós meu olhos, doce foi meu espirito,
Explicai a máquina, a depressão,
Minha fogueira queima mansa.
Sou índio,
E o jeans me é bem justo,
Absurdo é a dança,
Como ainda não aprendi o gingado.