MITO E RITO

 
 
depois do buraco
a mim veio
o Chapeleiro Maluco
e me disse:
"Sua vida está um caco
deixa da birutice
de pensar feito
fosse Alice"

Bateu um sino
dobrando um som fino
sugerindo e pedindo
que abandonasse 
a infantilidade
de ser para sempre
quase  um menino
depois da tanta idade

sob efeito mágico
continuo e procuro
com o futuro
estabelecer outro elo
que não passe
pela estrada
de tijolo amarelo

que me leve
em estado de alegria
até minha casa
que a tudo resiste
dentro de inquebrantável
alvenaria

assim percorro
minha solitária trilha
cheia de cães e lobos
mas marcada com pistas
feitas com nacos de pães
para que até o fim do dia
eu possa me encontrar
como se encontraram
João e Maira
:
um feliz porto
onde todo perigo
esteja morto

mas

com meu eu infantil
que em meu id
guardo já senil
a todo vapor
coração a mil

id
que a mim 
 vez em quando vem
e a quem entrego
tático feito estratego
sem promover estrago
em meu ou em qualquer
outro ego
mandando às favas
opressivos superegos

faço
faço ritos
para ver se consigo
aos meus mitos
ter aqui
comigo