Flores Sensuais! – XII
Sombras divididas, escaninhos partidos,
O toque sem sentido, algumas resistências,
Pano largado no chão seco não escorrega,
Pelo outono todas as folhas ainda caindo,
Seco é o suco, nada faz a aragem do sulco,
Vítimas da persistência, o amargo do vazio,
Desmantela-se a última pétala, ação do tempo,
Passado em fuga, a corda que se desprende,
Alguma coisa foi esquecida ou mal percebida,
Da noite pela noite, notívagos & diurnos,
Toma por seu turno, todas as lágrimas, surtos,
Sôfrega solidão seja qual for o entremeio,
Uma raspa, ressalvas, restos, quiçá recibos,
Ventania cortante, pingos & pingentes, frases,
Alheios & prematuros, falsetes pela ladeira,
Feixes de gravetos em gravuras inatas,
Acaba por assunto, por aspecto, pelo dia,
Flores imaturas colhidas ao acaso da barbárie,
Longas são as sombras a cobrir alguma luz,
Desconstrução a caminho, rotas alternativas,
Uma sintonia diferente pairando no ar, farsas,
Manga de camisa que encurta na frente fria,
Espirais, esporros, espirros, ala alada, vertigem,
Calo seco com o copo vazio, amor em descarga,
Outro cargueiro vagando na neblina pela rua,
A Lua se despe, despedida no vazio do olhar,
A folha que recebe a palavra para ainda ser dita!
Peixão89