Flores Sensuais! – XII

Sombras divididas, escaninhos partidos,

O toque sem sentido, algumas resistências,

Pano largado no chão seco não escorrega,

Pelo outono todas as folhas ainda caindo,

Seco é o suco, nada faz a aragem do sulco,

Vítimas da persistência, o amargo do vazio,

Desmantela-se a última pétala, ação do tempo,

Passado em fuga, a corda que se desprende,

Alguma coisa foi esquecida ou mal percebida,

Da noite pela noite, notívagos & diurnos,

Toma por seu turno, todas as lágrimas, surtos,

Sôfrega solidão seja qual for o entremeio,

Uma raspa, ressalvas, restos, quiçá recibos,

Ventania cortante, pingos & pingentes, frases,

Alheios & prematuros, falsetes pela ladeira,

Feixes de gravetos em gravuras inatas,

Acaba por assunto, por aspecto, pelo dia,

Flores imaturas colhidas ao acaso da barbárie,

Longas são as sombras a cobrir alguma luz,

Desconstrução a caminho, rotas alternativas,

Uma sintonia diferente pairando no ar, farsas,

Manga de camisa que encurta na frente fria,

Espirais, esporros, espirros, ala alada, vertigem,

Calo seco com o copo vazio, amor em descarga,

Outro cargueiro vagando na neblina pela rua,

A Lua se despe, despedida no vazio do olhar,

A folha que recebe a palavra para ainda ser dita!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 25/06/2007
Código do texto: T539905
Classificação de conteúdo: seguro